Há tempos não acontecia.
Talvez porque o coração,
Há muito que não fervia.
Será que o 'firewall' da solidão
Travou o 'cookie' da paixão?
Ou um 'link' de emoção
Baixou o vírus da ilusão?
Uma informação truncada
Guardada na variável errada
Causou um colapso danado
Na minha base de dados.
Desde a hora que entrei naquele chat, perdido,
Buscando encontrar assunto pra um bate-papo sem juízo,
Ri-me aos montes pensando:
"Por que sinto-me ridículo?".
Agora entendo o sentido
De tal questão ter surgido,
Pois, pode ser tempo perdido
Aquele passado aos dígitos.
Mas talvez esteja enganado
Ao pensar com tanto juízo,
Pois, como perder o prestígio
Por um bate-papo gratuito?
Sendo sincero acredito
Que algo foi consumido
Talvez tenha sido meu disco rígido
Pois, de fato, está reduzido.
Então, tentando acalmar os sentidos
Do coração em rebuliço,
Escrevo linhas como num livro
Pois, afinal, que são os 'nerds' sem isso?
Aqueles que usam óculos
E citam os seus jargões,
Merecem, do melhor modo,
Sentirem seus corações.
Pois, se batem, pulam, saltitam
Ao verem complicações,
Por que não palpitariam
Ao som das resoluções?
E não importa o protocolo
Nem a criptografia
Somente a doce magia
Do 'download' que arrepia.
Que seja na 'intranet' ou num chat da 'internet',
O que vale mesmo é o 'connect'
No cabo que digitaliza
E manda em pacotes fartos pelo 'modem' banda larga
O toque de quem digita.
E assim, saídos do chat
Numa conexão privada
Na tela das três letrinhas
Iniciam a batalha.
Por fim os 'nerds' cercados
Com dados de todos os lados
Derretem-se em elogios
Aos mutuamente conectados.
De aparelho dentário a seringa,
De óculos a banco de dados,
Ficam ambos enternecidos
E, com as nerdices, estupefatos.
Assim inicia-se uma história
Que pode não dar em nada,
Mas na pior das hipóteses
Com variáveis calculáveis
O resultado chegará
às mil nerdices reveladas.
Agora já sem palavras
Pois muitas foram deletadas
Encerro o sistema aqui
E no 'prompt' uma boa frase:
"Nada como uma super rede
Pra uma boa base de dados".