domingo, 22 de fevereiro de 2009

Cantinhos obscuros do coração...

Em conversa com uma amiga, falávamos dos segredos que guardamos e que inúmeras vezes nos trazem lembranças que não gostaríamos, ou nos afastam de pessoas que seriam ótimas companhias, e fiquei pensando no fato de termos um coração com cantos, e em como esses cantos podem ser escuros. Esconderijos perfeitos para o passado que nos assola com suas lembranças tristes.

Aquele romance que não deu certo, um amigo que se foi por 10 anos, a saudade de um ente querido, as inquietações particulares com assuntos que jamais podem ser revelados, e o amontoado de coisas que juntamos ao longo de nossas vidas. As boas, claro, ficam em lugares iluminados, onde as podemos contemplar frequentemente. Mas muitas vezes tropeçamos na caixa empoeirada do passado, de onde surgem cartas amareladas, bilhetes em cantos rasgados de papel, envólucros de bombons com anotações, ingressos do cinema ou guardanapos com catchup e beijos... Coisas que foram lindas, mas que agora não fazem sentido e nada mais trazem do que sofrimento, tristeza, sufoco e desânimo.

O que fazer com essas lembranças? Geralmente torna-se impossível nos livrar-mos delas, mas aprendi que não é necessário mais que uma churrasqueira para dar cabo das caixas cheias de badulaques de alguém que não mereceu mais a sua presença e atenção. Talvez não seja necessário tanto radicalismo, mas é mais saudável do que passar madrugadas relendo textos infames que perderam o valor, em busca de reencontrar a pessoa perdida dentro de nós e que pensamos ser o que agradava os demais.

Devemos nos renovar. A vida nos impõe isso. As pessoas também. Temos que aprender com cada situação, moldar-mo-nos para futuras repetições e buscarmos ser mais resistentes e amadurecidos para enfrentá-las. Assim, nos protegeremos de uma eventual situação de risco, mas também teremos muito mais a oferecer a quem realmente nos valorizar.

Portanto, queridos leitores, sejam vocês, melhores a cada dia, guardem seus segredos, mas livrem-se das lembranças que não trazem benefício algum.

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